
Ando pensando em muita coisa que ouvi e aprendi sobre pessoas, relações e comunicação, afim de , entender cada vez mais, o que move tanta gente a utilizar e fazer partes das redes sociais.Esse meu processo auto-investigativo, me remeteu primeiro a Freud e depois a Lacan, por que esses dois teóricos? Primeiro porque eu estudei ambos com profundidade, devido a uma formação que cursei em psicanálise, depois devido ao conteúdo teórico que eles oferecem na compreensão do enigmático e complexo universo humano.
Em seu livro Videologias, parceria com Eugênio Bucci, Maria Rita Kehl psicanalista de orientação lacaniana, no capítulo, Visibilidade e Espetáculo, explica a teoria do espelho de Lacan, e de como é importante os primeiros olhares da mãe para com o filho na sua estruturação psíquica. Segundo Lacan esse primeiro olhar é precursor do Eu ideal, ou seja ,eu sou inicialmente, o que minha mãe vê. Essa imagem irá me organizar para sempre. Depois, em uma outra instância, o pai, vem com sua autoridade separar, a criança da mãe, deste espelhamento, para que ela possa, projetar-se do amor materno para o social. O pai viabiliza a transição psíquica do sujeito dual (mãe/filho) para o sujeito que um dia vivenciará o mundo.
O Outro é um conceito simbólico, para a psicanálise, tudo que oferece suporte para a existência imaginária, são formas de mediar o sujeito e a o mundo que o cerca. Sabe-se que alguns indivíduos se destacam como portadores de discursos que influenciam e dão suporte, mesmo que temporariamente, para o laço social. Dentre eles, podemos citar, professores, líderes políticos e religiosos, que representam o Outro muito bem, para o sujeito. Só existimos além do amor narcísico de nossa mãe, quando nos projetamos no meio público. É no mundo que o sujeito mostra que existe verdadeiramente e faz diferença. Quando alguém inventa,cria ou produz,pode mostrar realmente que é único e deixar sua marca social.
Voltando as redes sociais, retornamos a pergunta inicial, por que será que elas têm um alcance cada vez maior entre as pessoas? Lanço outra pergunta pegando carona nas idéias de Lacan e Maria Rita Kehl. Será que as redes não estariam fazendo “ o nome do pai”, ou seja, a figura simbólica do pai, que citei acima, tornando os sujeitos aptos mesmo que, ilusoriamente/ virtualmente, para o mundo, o social? Nós comunicadores sabemos da força de um discurso, de uma imagem e atualmente, de um vídeo viral, são signos que conquistam em poucos minutos milhões de pessoas. Vivemos em uma sociedade que é profundamente desigual, no qual falta cultura, escola e saúde para muitos, dessa parcela, eu não vou falar hoje, vai ficar para outro momento. Quero me ater a outra fatia da população, as do incluídos digitalmente, mas alienados quanto a forma de pensar e atuar no mundo. Para esses a internet é “o pai simbólico”, é o que dita normas, moda, interesses e relações. A rede pode amenizar a solidão das grandes cidades, muitas vezes nos tornamos íntimos de alguém que mora em outra cidade, mas, mal falamos com nosso vizinho. Com o advento do Twitter, podemos seguir um ídolo, uma atriz, um presidente. Já pensaram se existisse Twitter na época de Elvis, dos Beatles? As vezes me pego imaginando, o que John Lennon com sua genialidade e sensibilidade escreveria e o quanto mobilizaria pessoas no mundo todo. E Marylin Monroe? Desabafando nos dias menos felizes. As redes são a reatualização dos velhos modelos: livros, cinema e a televisão, nos quais os seguidores continuam seguindo seus “objetos” de interesse. Objetos esses, que conseguiram existir publicamente, apesar das dificuldades, fizeram a diferença no mundo, deixaram as suas marcas e para muitos, eram e ainda são os seus referenciais. Aos que se utilizam das redes para fins profissionais, é bom nunca esquecer que, ser “pai simbólico”, antes de tudo requer muita responsabilidade, todo cuidado é pouco com o que se transmite, e agora então, nesse tempos de Twitter, sua mensagem em minutos, pode se transformar de uma simples frase em um "mantra" para muitos.
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ResponderExcluirOi Lílian, seja bem-vinda ao meu blog.
ResponderExcluirQue bem que gostou, a psicanálise dá uma boa base para se estudar as redes, porque na sua teria aborda as relações dos sujietos com seu objetos. A rede não deixa de ser um local ( virtual), onde se possibilita e acontecem muitos tipos de trocas e laços sociais entre os sujeitos. Acho que Lacan teria adorado as redes, logo ele que estudou tanto a linguagem, penso que poderia ter sido mais um de seus objetos de pesquisa...
Sem dúvida Mara, foi uma análise muitissimo interessate, é um vasto campo para ser explorado (Redes Sociais X Psicanálise). Estou em fase de pesquisa para fazer meu projeto de mestrado, achei esse tema bem interessante, quem sabe não mergulho de cabeça? rs. Muito obrigada pela receptividade. Vou deixar meu e-mail no Twitter, caso você tenha artigos sobre o tema seria imensamente grata se você me enviasse.
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