segunda-feira, 13 de junho de 2011

COMUNICAÇÃO 2.0: O VIRTUAL CONSTRUINDO PONTES PARA O MARKETING DIGITAL: Imaginação




Imaginação

Imaginar deriva do latim imaginatio, que por sua vez substitui o grego phantasía. Ou seja, os
gregos nomeavam essa capacidade humana de fantasiar em vez de imaginar.

O filósofo Aristóteles, em De Anima (428a 1-4), foi o primeiro a abordar e fazer uma reflexão
teórica sobre o conceito de imaginação (phantasía). Para ele, imaginar era um processo
mental através do qual criamos uma imagem (phantasma). A mente humana não seria capaz
de pensar sem imagens. O ato de imaginar atua em todas as formas de pensamento.
Aristóteles distinguiu a imaginação, em primeiro lugar, da sensação, em segundo lugar, da
opinião. Imaginação não é sensação porque uma imagem pode existir mesmo quando não há
sensação. Imaginação não é opinião porque a opinião exige que se acredite naquilo que se
opina, enquanto isso não acontece com a imaginação, que, portanto, também pode pertencer
aos animais.
Imaginar ou fantasiar é uma prática que faz parte da organização psíquica de todos os seres
humanos. Não existiria a arte, a literatura, os inventos sem a imaginação. Ela é o primeiro
passo para a criação. Quando se fantasia, constrói-se uma primeira idéia do que se deseja
criar. Ao imaginar algo, o indivíduo tem a possibilidade de visualizar imagens,
independentemente da presença do objeto a que se referem.

Mcluhan (1964, p. 320) afirma que:
“a tarefa do escritor e do cineasta é a de transportar o leitor e espectador, respectivamente,
de seu próprio mundo para um mundo criado pela tipografia e pelo filme”.


Segundo Lacan (2005), a criação nasce da angústia. Este teórico defendia que só na falta o
desejo comparecia e esta sempre provoca angústia. O pensador enfatiza que os que conseguem
transformar essa falta/angústia de forma saudável, irá criar algo. Dizem que os escultores
imaginam sua obra, ainda pedra bruta, eles a visualizam antes de esculpi-las. Nascimento
(2010 )observa que “da mesma forma um escultor: ele não tem que só ter o dom de
transformar a pedra bruta em algo belo. Antes ele imagina e constrói, em sua mente, a imagem
do que ele vai construir. Pensa cada detalhe, cada lasca de pedra tirada tem um porquê”.
Partindo desse pressuposto, os artistas possuem uma angústia, na qual é transformada em algo
novo, criativo e muitas vezes transformador. Tudo que foi criado e que conhecemos, foi
anteriormente fantasiado.

Segundo Freud (1908/1969, vol. IX),
"Ao crescer, as pessoas param de brincar e parecem renunciar ao prazer que obtinham do
brincar. Contudo, quem compreende a mente humana sabe que nada é tão difícil para o
homem quanto abdicar de um prazer que já experimentou. Na realidade, nunca
renunciamos a nada; apenas trocamos uma coisa por outra. O que parece ser uma renúncia
é, na verdade, a formação de um substituto ou sub-rogado. Da mesma forma, a criança em
crescimento, quando pára de brincar, só abdica do elo com os objetos reais; em vez de brincar, ela agora fantasia."

Como tudo, as fantasias podem contribuir positivamente e negativamente, na comunicação
virtual. Positivamente, pelo fato de possibilitar a imaginação. Na propaganda, quando se
trabalha a incitação do desejo do cliente em comprar, a imaginação é fundamental.
Não é por acaso que a propaganda utiliza de tanta criatividade na elaboração de peças.

Barreto (2004, p. 123) assegura:
"A Propaganda é irracional, unilateral, discriminatória, apenas psedo-coloquial. Ela
persuade, move as pessoas: através de informações, ideologicamente verdadeiras ou não;
através da humanização, sincera ou não; através de simbolismos e folguedos freudianos;
através de erotismo e de promessas a todos os seus sentidos; através tantas vezes, de uma
atmosfera onírica, irreal,aquela atmosfera de lares felizes, de nenês, papais, mamães e totós
adoráveis, de juventude esfuziante em buggies que se despencam por praias ensolaradas, de
automóveis que estacionam perto de palacetes, iates, aviões a jato particulares... Tudo o que você quer, tudo de que você gosta, tudo o que você merece."

Já o lado negativo da fantasia diz respeito aos erros de avaliação em relação às pessoas que se
comunicam. Sem dados reais suficientes, é fácil enganar, manipular e até lesar. Sabe-se que as
relações virtuais nem sempre são confiáveis. A comunicação virtual não foge a essa regra,
portanto, o uso da fantasia pode ser benéfico ou maléfico, depende de quem a constrói ou
manipula. Baudrillard (1981) dizia que a verdade era oblíqua.

Para ele (BAUDRILLAD, 1981, p. 113),
"Todas as formas actuais de atividades tendem para a publicidade, e na sua maior parte
esgotam-se aí. Não forçosamente na publicidade nominal, a que se produz como talmas a
forma publicitária, a de um modo operacional simplificado, vagamente sedutor, vagamente
consensual (todas as modalidades estão confundidas aí, mas de um modo atenuado)."

O grande risco na comunicação virtual não é só imaginar o que pode ser muito diferente do
real, mas também a criação dos simulacros. Simulacro é um conceito criado por Baudrillard
para nomear tudo que é fingido, que se faz passar por outra coisa. Um exemplo de simulacro
são as revistas com imagens femininas, já não sabemos mais o que é real. Com o advento do
Photoshop, as imagens podem ser retocadas e até modificadas. As mulheres são lindas, porém,
mais que isso, são “perfeitas”. Da mesma forma, um anúncio de propaganda, um vídeo na TV,
podem prometer o máximo de eficácia etc., ou uma conversa em um chat e rede social, as
pessoas também podem ser “perfeitas”. De acordo com Baudrillard, vivemos o quarto estágio
da representação, “a hiper-realidade”, que se caracteriza por falsificar tudo na era pós-
moderna. Ao contrário de Lévy, ele critica a internet que, em sua opinião, cria uma hegemonia
da tecnologia da informação, transformando a vida humana em realidade virtual. Essa
transformação destruiria sentidos e significações, além de esvaziar o conceito de realidade.

Por isso Lipovetsky (1983, p. 106) chamou atenção de que:
"O tecnológico tornou-se pomo: o objecto e o sexo entraram, com efeito, no mesmo ciclo
ilimitado da manipulação sofisticada, da exibição e da proeza, dos comandos à distância,
das interconexões e comutações de circuitos, de «teclas sensitivas», de combinatórias livres
de programas, de existência visual absoluta ."

Trecho do capítulo:
COMUNICAÇÃO 2.0: O VIRTUAL CONSTRUINDO
PONTES PARA O MARKETING DIGITAL do e-book- Comunicação e Marketing Digitais.
Imagem: google imagens.
Baixem e leiam:
http://www.slideshare.net/MaraBaroni/cmktdigitais2011-8119920

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